domingo, 3 de junho de 2012

OS MAGROS EM CENA ME FIZERAM RIR...

Na minha visão, o TEATRO de humor é uma das mais difíceis produções que existem em termos de excelência de resultados. Creio que o desenvolvimento de uma boa comédia (pensando em termos de gêneros), é complexo em sua própria ontologia o fato de quem todos os espectadores têm a mesma reação às piadas e que as mesmas podem se tornar batidas, gerando os tão famigerados clichês. No entanto, parece que essa cena vem tomando outros rumos com a criação de companhias que fazem um humor agradável e inteligente. 
 O exemplo mais recente é a comédia em cartaz “Comediano”, onde cinco jovens pra lá de criativos andam roubando a cena e arrastando um público (também de jovens) que querem assistir a uma comédia convidando amigos sem o risco de cair no ridículo. O Grupo “Magros em Cena” propõe uma nova “cara” a comédia pernambucana, textos bem encaixados, humor na medida certa, sem apelação. Uma comédia onde o público seja induzido a aprender, sair do teatro com alma mais leve, dar boas gargalhadas e analisar o que há de errado na sociedade atual.
 
O ANTENA MIX arrastou o ator/dramaturgo/poeta/radialista, Henrique Amaral, para conferir uma comédia que anda provocando gargalhadas sonoras... O meu xará Henrique Amaral é também carioca, mas radicado no Recife desde 1974 e começou a trabalhar em produção nos anos 70, com o Grupo TUBA (Teatro Universitário Boca Aberta). Em 81 estreou como ator profissional. Mas foi a partir de "O Beijo da Serpente" (84/85) e "Punhal" (85), escritas por ele e que começou a projetar-se com grande aceitação pela crítica local. A partir de 85, entrou para o grupo Ilusionistas Corporação Artística, liderado por Augusta Ferraz e Moisés Neto. 
 O grupo fez muito sucesso nos anos 80 trabalhando no palco tradicional e principalmente na cena alternativa (bares, boates, espaços alternativos). Henrique teve grande sucesso também no cinema pernambucano nos filmes "Chá", de Paulo Caldas, e principalmente interpretando o poeta Carlos Pena Filho, no curta de Cláudio Assis, "Soneto do Desmantelo Blue". Depois de alguns anos ausentes, ele voltou a escrever ano passado, publicando seus poemas na Folha de Pernambuco e recitando em recitais de poesia. Em 2012, começou a filmar seus monólogos e a publicá-los na internet e escreveu duas novas peças e tem vários projetos novos para desenvolver nas áreas em que atua. É com essa bagagem toda que reforça a credibilidade do ANTENA MIX com os comentários feito para este post, cata só!!!

 
FAZ ME RIR
Por Henrique Amaral
Mesmo tendo sido praticamente o criador da Comédia Antiga, o grego Aristófanes, em suas sátiras que nos chegaram como "Assembléia de Mulheres" e "Lisístrata", defendia as tradições em oposição às novas idéias. Logo depois foi seguido pelo principal autor da Comédia Nova, Menandro, autor de 105 peças, como "Mulheres Drogadas" e "Díscolo ou O Misantropo", em que colocava em cena cozinheiros, escravos, adivinhos, filósofos dentre outros tipos. Em seguida, o surgimento da comédia romana de Plauto e Terêncio trouxe à cena os fanfarrões, os avarentos, os criados astutos, os parasitas. No século XVI a Commedia dell´Arte, também em Roma, trazia os tipos regionais e os textos improvisados e dominaram todo o teatro cômico moderno. No século seguinte, o Teatro Clássico Francês trouxe a fina comédia de sociedade, psicológica e  satírica de Moliére, que desistiu do drama e chegou ao imenso sucesso popular com "As Preciosas Ridículas", "O Burguês Fida lgo" e "O Avarento". 

 
É nesse momento que chegamos à uma comédia local que vem fazendo enorme sucesso: COMEDIANO,  A COMÉDIA DO COTIDIANO, do grupo Magros em Cena, em produção da Cia do Riso. Composto por atores e autor/diretor da novíssima geração (Gyselle Brasiliano, Filipe Enndrio, Flávio Andrade, Múcio Eduardo - este o autor/diretor - e Toninho Miranda), eles tentam realizar um drama, mas não dá certo. Recorrem à história de Moliére e resolvem seguir seus passos, remando em direção à comédia. Um belo vídeo sobre Moliére é apresentado logo no início pelo MagrosTube. A cada esquete, vídeos bastante bizarros são apresentados. 


São cinco esquetes ao todo que falam do dia-a-dia de delegacias, de alistamento militar, do atendimento nos hospitais públicos e do transporte público, mas um deles se destaca e deixa o público boquiaberto: O reencontro de dois homens aparentemente héteros, do tipo bem machões mesmo, mas que se amam, mesmo com um tesão reprimido. Bom, não dá para contar os segredos da encenação, e retirar do espectador que for conferi-los no Teatro Valdemar de Oliveira, aos sábados, às 18h30m, o gostinho desse grupo que traz sangue novo aos palcos da cidade, principalmente com bastante originalidade. O espetáculo podia ser um pouco menor, mas esse tipo de detalhe virá com o amadurecimento. Parabéns ao grupo. “Fico muito feliz em ver surgir grupos tão renovadores para o teatro pernambucano como os Magros em Cena."

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