segunda-feira, 12 de novembro de 2012

DIALETO COLORIDO

Veja como seus avôs falavam quando eram marotinhos gays de Nárnia (dentro do armário). Como em toda cultura, os homossexuais masculinos inventam o seu próprio e pequeno dicionário. Através dele se identificam, se comunicam, constroem amizades, solidariedades, buscando sobreviver a um entorno geralmente hostil. Whitaker reuniu, em 1938, parte dessa gíria, seguem alguns fragmentos: Homem rico: micha. Rapaz moço sem dinheiro: bofe. Pederasta passivo: bicha. Pederasta passivo que leva boa vida: bicha sucesso. Quando estão com raiva, vão brigar, dizem: vou dar baile. Ser identificado pela polícia: tirar o scratch. Copular: fazer micha. Pederasta novo: frango. Mictório: bangalô. Quarto: chatô. Dinheiro: gaita. Salão de baile: lugar para sucesso
Pênis: rédea. Passar a mão no pênis de um indivíduo: fazer crochê. Soldado: chafra. Pederasta com certos recursos monetários: bicha bacana. Alguns anos depois, outro estudo, "Homossexualismo Masculino", de Jorge Jaime, cuja segunda edição é de 1953, relaciona a homossexualidade diretamente ao crime e apresenta uma parte precisamente intitulada “A gíria homossexual e o crime”. Seguem alguns fragmentos:
 Fazer tricot, fazer crochet, tricotar: masturbar homens em cinema ou lugares de grande aglomeração. Meicar: furtar pequenos objetos em lojas comerciais. Suar: furtar relógios, jóias ou dinheiro dos homens que com eles copulam. Às vezes esses crimes eram praticados por dois pederastas ao mesmo tempo: enquanto um ia para rua caçar a vítima, o outro ficava escondido dentro do armário. Já no quarto, agem de comum acordo.
 O primeiro despia o incauto colocando as suas roupas penduradas nas costas de uma cadeira. Fecha as luzes. Durante o coito, o segundo, saindo do seu esconderijo, conseguia facilmente apropriar-se dos valores do ativo. Dividindo depois o produto do furto. Seguem alguns fragmentos:
 Fugir da titia Cleides: esconder-se dos carros policiais da radiopatrulha. Fazer michê: deixar-se sustentar por pederastas ativos. Babalu: pederasta ativo que se entrega às práticas homossexuais mediante retribuição monetária. Já em agosto de 1977, a revista Veja, numa ampla matéria intitulada “Um gay power à brasileira”, incluía no final um boxe com a gíria em circulação no período, seguem alguns fragmentos: Arrematar um modelito: travar relações com um garoto
Assumido: não faz segredo de sua homossexualidade. Assumir: postura psicológica e social de quem é “assumido”. Boy: garoto que mantém relações com homossexuais. Clube: boate ou bar freqüentados por homossexuais; ponto de encontro gay. Dar bandeira: deixar claro que é homossexual. Elo: pronome (variação de “ele” e “ela”) para designar travesti. Enrustido: aquele que esconde ou oculta sua condição de homossexual. Entendido: homossexual. Fazer uma calçada: fazer programa. Mala: órgão sexual masculino. Maricona: homossexual de idade avançada. Michê: prostituto. Modelito: garoto boy. Pão com ovo: homossexual pobre. Senhor: lésbica. Vapores: sauna para homossexuais. Viajar: manter relações sexuais.
 E nos dias de hoje um divertidíssimo quadro do programa "COMÉDIA MTV" colocou a galera antenada no dialeto contemporâneo. Nele o professor de "Bichês" (Marcelo Adnet) explica para seus alunos os significados das palavras do dicionário gay. É um quadro hilário!!!
Vale um PLAY!!!

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